Tribuna da Câmara: Associação dos Deficientes Físicos reivindica nova sede em Itapema
“Há vida na vida da pessoa com deficiência”
10 FEV 2016A vice coordenadora da Associação dos Deficientes Físicos de Itapema (ADI), Beatriz Kletke, utilizou o espaço reservado para o cidadão durante a Sessão Ordinária da Câmara de Itapema, no último dia 03, para reivindicar mais investimentos do poder público municipal na associação e também uma nova sede para a ADI.
Da Tribuna do Povo, Beatriz fez um apelo para que o trabalho desenvolvido desde maio de 2010, quando a associação foi fundada, não se perca pela falta de apoio do Município. “Nossa missão é defender políticas públicas de inclusão cidadania, educação, trabalho e convívio social, visando garantir o direito das pessoas com deficiência de Itapema e região, que nem sempre são respeitados, e por isso a nossa luta é tão exaustiva”, relatou Beatriz.
A voluntária relata que além das barreiras diárias que o deficiente físico enfrenta, eles encaram, ainda, a luta por uma sede digna, com um espaço que permita a convivência e o desenvolvimento de diversas atividades voltadas aos associados.
“Temos um cantinho de trabalho, onde cabem somente três cadeirantes ao mesmo tempo. Desde junho do ano passado o teto desabou, e estamos na mesma situação até hoje… A Prefeitura promete que teremos acesso a outra sede e nada. Vamos sendo iludidos, e já não descartamos a possibilidade de ficarmos sem espaço físico, porque já esgotamos todas as possibilidades de negociação e também a nossa paciência”, lamenta.
Ela ressalta que o apelo da ADI é para que o município de Itapema pratique uma inclusão real. “É um descaso muito grande, uma ignorância do poder público para com o papel da ADI na sociedade. Alguma coisa tem que ser feita e estamos aqui fazendo um apelo para a Câmara de Vereadores, para que seja feito um requerimento, solicitando uma nova sede para a associação, porque deve haver um espaço físico decente para o desenvolvimento das nossas atividades neste município”, reclamou Beatriz. Segundo ela, as únicas exigências da ADI são que a nova sede tenha um espaço amplo, que garante a acessibilidade dos cadeirantes, deficientes visuais e todos, além de ter banheiros adaptados.
Na Tribuna do Povo, ela reclamou, também, do não recebimento de uma verba municipal, autorizada pela Câmara de Vereadores no final do ano passado. “No dia 22 de dezembro, a Câmara aprovou com unanimidade uma subvenção social de mais de R$ 5 mil para a ADI, mas até agora não recebemos nada, e a associação tem contas para pagar”, registrou.
No final do seu pronunciamento, o presidente da Câmara, vereador Xavier Legarrea, lamentou a situação e garantiu que o pedido oficial do Legislativo vai ser feito à Prefeitura, através do requerimento sugerido pela ADI.
“Há vida na vida da pessoa com deficiência”
“Não podemos deixar as pessoas com deficiência escondidas dentro de casa. Elas não são entulhos, são pessoas, que riem, brincam, ficam doentes, vibram com as coisas e precisam ser valorizadas”. Citando o lema da entidade – “Há vida na vida da pessoa com deficiência” – Beatriz apresentou a atividades que são desenvolvidas através da ADI. Confira no relato abaixo:
“Temos que incentivar que as famílias a trabalharem a questão emocional e mental da pessoa com deficiência. E nós trabalhamos isso de diversas formas. Além de defender e reivindicar direitos, participamos de conferências regionais, estaduais e nacionais. Em abril estaremos na Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência, que vai acontecer em Brasília.
Lutamos por cotas de trabalho nas empresas de Itapema e região. Lutamos pela sensibilidade e acessibilidade em todo e qualquer local, visando mobilidade e maior independência das pessoas com deficiência. Lutamos para prioridade no atendimento nas Unidades Básicas de Saúde de Itapema. Lutamos também por vagas especiais em estacionamentos. Rotineiramente estamos chamando a Polícia para tirar os carros, porque as pessoas estacionam nas vagas preferenciais.
Lutamos também por banheiros adequados para pessoas com deficiência. Nós temos plantões semanais, realizamos visitas domiciliares, reuniões mensais, e também tocamos um projeto de artesanato e de música. Essas atividades são terapias ocupacionais, que contribuem para o desenvolvimento motor, concentração e saúde mental, prevenindo a depressão e outras doenças psicossomática. Além de tudo isso, também mantemos o projeto “Vida na Praia”, que permite que pessoas com deficiência tomem banho de mar, com cadeiras anfíbias. Fazemos pedágios para arrecadar recursos.
“Todos nossos projetos não são passatempo para os deficientes físicos. São terapia, porque temos um alto índice de depressão entre os deficientes físicos, e também de drogadição, pela própria condição de cada um. Então pedimos: dediquem um tempo a nossa Associação”, concluiu.