Professores estaduais explicam o movimento grevista na Câmara
Confira!
29 ABR 2015Professores dos dois colégios estaduais de Itapema se reuniram para cobrar apoio dos vereadores à greve do magistério catarinense
Os professores grevistas da rede estadual de ensino movimentaram a Sessão Ordinária da Câmara de Itapema nesta terça-feira, 28. Unidos, vieram cobrar dos vereadores apoio oficial ao movimento, bem como explicar à comunidade os motivos pelo quais estão de greve há mais de um mês. Em Itapema, duas escolas estaduais estão sendo afetadas pela greve, a Olegário Bernardes e a Anita Garibaldi. O presidente da Câmara, Xavier Legarrea (PMDB), declarou apoio ao movimento grevista, e pediu aos professores que não desistam de lutar pelos seus direitos. “Nós estamos ao lado dos professores, e acredito que essa batalha vai ser vencida”, declarou.
A professora Sheila de Deus e Silva foi escolhida para representar a categoria na Tribuna do Povo. Ela reivindicou que a Câmara de Itapema apresente uma Moção de Apoio ao movimento grevista dos professores estaduais, depois de justificar as causas da greve. “Viemos aqui hoje dizer que nós existimos e não somos invisíveis como o governador Raimundo Colombo faz parecer. Ninguém gosta de fazer greve. Nosso povo é trabalhador. Mas não podemos trabalhar e ficar de braços cruzados enquanto nossos direitos estão sendo atacados”, afirmou Sheila, referindo-se ao novo Plano de Carreira apresentado pelo Governo ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino de Santa Catarina (Sinte). Segundo explicou Sheila, esse novo plano retira direitos adquiridos da categoria.
Ela criticou a falta de diálogo com o governo Raimundo Colombo. “A gente quer que o governo nos ouça. Queremos abrir uma negociação com o Colombo, mas ele se recusa a nos receber. Nosso plano de carreira está sendo mudado, isso muda nossa vida daqui pra frente, até a nossa aposentadoria e o governo se recusa a nos ouvir. Não estamos felizes sendo descontados. Eu não recebi meu salário este mês, porque o governo não quer me pagar. E diz que só volta a negociar quando acabarmos com a greve. Mas ele esquece que estávamos trabalhando há quatro anos, esperando ele arrumar nosso plano de carreira como prometeu. E, mesmo trabalhando, não fomos atendidos! Sabemos que greve é o último recurso, não fazemos a greve porque gostamos. Isso atrapalha a vida de toda comunidade e a nossa. Mas a gente quer ser ouvido”, cobrou a professora.
****Entenda as reivindicações dos professores
Sheila dividiu seu tempo na Tribuna do Povo com o conselheiro do Sinte de Itajaí, professor Genésio Adolfo, que reforçou os argumentos do movimento grevista dos professores catarinenses. “A educação há muito tempo não é levada a sério neste Estado. Em 2008, quando o governo federal instituiu o piso dos professores de R$ 950 reais, nós tínhamos um piso de R$ 509 reais. O Superior Tribunal Federal, numa medida de junção, disse que o governo Colombo deveria pagar o piso aos professores catarinense. E ele negou pela primeira vez em 2008. De lá pra cá, tivemos muitas tentativas de negociação e, até hoje, em 2015, ele não abre as portas pra negociar com o magistério, tratando o magistério da mesma forma que trata as escolas estaduais aonde nossos filhos estudam, que estão sucateadas, é só observar”, explicou.
Genésio argumentou que os professores querem um novo plano de carreira que beneficie o professor. “Hoje o Governo está fazendo um plano que retira direitos que adquirimos lá na década de 80, depois de muita luta em Florianópolis. É engraçado, nós temos que brigar não para ganhar benefícios, mas para que nossos direitos não sejam retirados”, registrou.
Segundo documento apresentado pelo Sinte esta semana, os grevistas exigem a formação de uma mesa de negociação com prazo máximo de 30 dias, a fim de debater com professores e governo, o novo plano de carreira do magistério catarinense. Outras três exigências foram apresentadas para que a greve seja encerrada: que durante a mesa de negociação, o governo não apresente nenhum projeto tratando sobre o plano de carreira à Assembleia Legislativa; a revogação de um Decreto de 2010 que impede a progressão na carreira de profissionais com três faltas injustificadas em sequência ou cinco alternadas, e também a anistia de todas as faltas de 2012 em diante; e por fim, a aplicação do aumento de 13,01% dado ao piso nacional dos professores, retroativo a janeiro. O coordenador do Sinte e ex vereador de Itapema, Luiza Carlos Vieira, lembra que as faltas injustificadas são as faltas de quem aderiu à greves, paralisações, manifestações e assembleias.