Aprovada a criação do “voucher educacional” para garantir matrícula de crianças em Itapema

Vereador autor do Projeto de Lei, Saulo Ramos (PP), aponta que mais de 800 crianças de Itapema estão fora da escola, a espera por uma vaga
04 JUL 2025
Projeto aprovado em plenário agora precisa da aprovação do Executivo. Se sancionado, aí sim passa a vigorar como Lei Municipal

Nenhuma criança fora da escola. Esse é o alvo do Projeto de Lei (PL) nº 33/2025, aprovado pelo plenário da Câmara Municipal de Itapema na última terça (01/07). A proposta institui o sistema de “voucher educacional”, uma medida voltada a atender estudantes da educação básica que não conseguirem vaga na rede pública municipal. O vereador Saulo Ramos (PP) é o autor do PL.

Com o crescimento populacional acelerado, o município enfrenta o desafio de garantir o acesso à educação básica – que é obrigatório. A sobrecarga no sistema tem provocado filas de espera por vagas escolares, especialmente em creches e no ensino fundamental. Segundo o vereador Ramos, hoje, mais de 800 crianças estão cadastradas no Fila Única, aguardando por uma vaga escolar. Ele explica que o voucher poderá reduzir esse déficit, por meio da compra de vagas pelo poder público, em escolas particulares. “Estamos na metade do ano e ainda tem criança em Itapema que não começou a estudar. Ainda que não seja uma solução permanente, é o que podemos fazer para resolver o problema da falta de escola nesse momento”, aponta. Ele destacou, ainda, a importância de permitir que mulheres voltem ao mercado de trabalho, considerando aquelas impossibilitadas de atuar para cuidar dos filhos que estão fora da escola.  

O projeto recebeu, ainda, uma Emenda Modificativa, apresentada pelo vereador Yagan Dadam (PL), que ajustou o critério de renda das famílias beneficiadas. Com a mudança, o acesso ao voucher será garantido a estudantes cujas famílias tenham renda per capita de até três salários mínimos, e não quatro, como previa a versão original do projeto. Yagan destacou a importância do Projeto e que é preciso esforço mútuo para que ele aconteça, e registrou que o ajuste na renda segue o do governo do Estado.

O líder de governo na Câmara, vereador Léo Cordeiro (MDB), foi favorável ao Projeto, mas alertou que é preciso sensibilizar a rede privada, para aderir ao sistema. “Gostaria que essa fosse a salvação para todos que esperam vagas, mas sabemos que não é. O Executivo lançou edital no início desse ano para a compra de vagas, mas que nenhum centro de ensino particular se cadastrou para participar. Então meu recado vai para as escolas privadas aderirem à iniciativa, disponibilizando vagas para a população”, registrou.

Encerrando a discussão durante a votação do PL 33/25, o vereador André de Oliveira (Novo) fez um alerta relatando o caso do município de Balneário Camboriú. “Essa é uma política pública emergencial, de curto prazo. Caso contrário começa a acontecer outro problema: a criação de escolas especializadas em voucher, com centros preocupados em arrecadação, e não com a qualidade do ensino. O Executivo precisa dialogar com a iniciativa privada antes de regulamentar a criação do voucher”, sugeriu. André anunciou que a Comissão de Educação da Câmara está conversando com o Poder Judiciário para realizar uma Audiência Pública para debater a questão com a população. “O que está acontecendo em Itapema hoje é muito grave: crianças do ensino regular estão sem estudar. É um crime grave”, disse.

O PL foi aprovado por unanimidade na Câmara, e agora segue para análise do Poder Executivo, que pode sancionar ou vetar o projeto. Se sancionado, a proposta ganha força de Lei Municipal, ficando a cargo da Secretaria de Educação regulamentar e implantar o sistema.
 
Veja entrevista com o vereador autor da proposta: